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terça-feira, 11 de julho de 2017

CRISTÃOS DEVEM SER PATRIOTAS?

Antes de responder a essa questão, veremos os significados de 'pátria' e 'nação', segundo o Houaiss. A Pátria é o território ocupado, e o chão que pisamos. E nação são as pessoas que habitam aquela pátria, e possuem os mesmos usos e costumes. Mas qual a diferença entre o planeta terra, que Deus fala a ele pertencer em Sl 24:1-2, e essa 'coisa' chamada pátria que delimita fronteiras? Tem Deus compromisso com isso? No AT Deus dá um território ao seu povo escolhido, faz chamar de a 'terra que o Senhor teu Deus ti dá'(que muitos cristãos associam erroneamente à vida longa). Portanto, quem originou esse significado, pela primeira vez no mundo, foi Israel. Por isso a passagem de Sl 33:12 pode ser entendida como "bem aventurado o grupo de pessoas cujo Deus é o Senhor", mas jamais "Bem aventurado é o país cujo Deus é o Senhor". Um erro de proporções grosseiras.

No mundo antigo, até por socializações com Israel, que os impérios babilônico, persa, grego e romano passaram a ter essa noção(somente uma noção) do que viria a ser pátria. No mesmo período, na China da dinastia Han, as pessoas de lá nem faziam ideia do que era isso. Na Idade Média só importavam os ritos de vassalagem, e uma pessoa só tinha dívidas com seu suserano, e com a Igreja. Se outro suserano dominasse sobre o primeiro, ela passava a vassalagem, ou a servidão no caso dos camponeses, ao segundo. Um habitante da Normandia, hoje localizado em território francês, era um súdito do Rei da Inglaterra. Nem era 'cidadão inglês', pois essa noção nem tinha sombras de existência, como alegam hoje os filmes de Hollywood. Na Idade Moderna começa a brotar, pela primeira vez na História, a noção de Estado-Nação. Por quê? Para fazer frente ao poder internacional do Vaticano. Nessa hora entra uma força de destaque: A Reforma Protestante!!!! Ela chegou aliando-se aos ideais de Estado-Nação. Mesmo assim, o que tínhamos? Um imperador do Sacro Império Romano, como Carlos V, governava súditos falantes de catalão, basco, castelhano, náhuatl, alemão, quíchua e italiano. Por isso, já dizia Voltaire sobre o Sacro Império Romano:Nem sacro,nem império,nem romano. As primeiras identidades de um homem do século XVI dizem respeito ao seu soberano, e sua religião. Se parece complicado a nós, é porque nossa cabeça funciona de maneira mais complexa que um homem renascentista. O Tratado de Tordesilhas, por exemplo, não foi disputa entre duas nações, mas entre duas monarquias. Mas não seria a mesma coisa? Não!!! Os séculos XV e XVI não seguiam nossa linha de pensamento.

A história dos símbolos nacionais remonta a uma origem ainda mais obscura: O extremo oriente. As bandeiras nacionais vieram dos brasões, da chamada Heráldica. Essa invenção, que não é europeia, mas turca, e repassada na época das cruzadas; pode encontrar suas origens nas fronteiras da China, à beira do Turcomenistão. Afinal, turcos não são parentes de árabes, mas de chineses. Os tunguzes e turcos se inspiraram na China Han, que lutavam suas batalhas em estandartes coloridos, pertencentes às mais variadas dinastias. Portanto, quando nós achamos lindo, patriótico e divino as reverências à bandeira nacional, cometemos um erro. Pode ser lindo e patriótico,mas com certeza não é divino. Tomás de Aquino escreveu, em sua 'Suma Teológica', que era permitido revoltar-se, ou matar um tirano. Fazendo isso, ele dava corda para os anabatistas mais tarde. Não tem jeito, não dá para haver dois pesos, e duas medidas. Se vale numa questão, abre brecha para tudo. Para se ver como a escolástica foi imbecil.

Textos como Rm 13:1-7 ou 1 Pe 2:11-17 foram escritos com o propósito de dissuadir muitos cristãos de revoltar-se contra Roma. Patriotismo carnal revoltado já bastavam os zelotes. Ficou mais do que provado que isso sempre daria errado. O sentido do que é ou não pecado não pode ser ditado pelas diretrizes do Estado. A desobediência(ou obediência) ao Estado acarretam somente consequências terrestres, mas assumir sua causa pode fazer perder nossa coroa. Cristão pode ser patriota? Pode. Mas fique sabendo que isso não é divino, e nem suas consequências serão...

"Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir." Hb 13:14

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